Lembro-me perfeitamente da tarde em que minha avó Maria abriu o velho baú de madeira no sótão. Enquanto folheava fotografias amareladas e documentos antigos, ela começou a contar histórias sobre parentes que eu nem sabia que existiam. “Veja só, este aqui é seu tataravô João”, disse ela, apontando para um homem sério na foto.
Naquele momento, uma pergunta brotou em minha mente: e se eu tivesse filhos, e eles tivessem filhos, e assim por diante? Depois de tataraneto vem o que, exatamente? Essa curiosidade me levou a uma jornada fascinante pelos caminhos da genealogia.
A importância de conhecer nossa árvore genealógica
Entender quem somos e de onde viemos sempre foi uma necessidade humana fundamental. Quando penso em minha família, percebo que cada pessoa carrega consigo um pedaço da história.
Meus avós contavam histórias de seus pais, que por sua vez tinham suas próprias memórias dos antepassados. É como se cada geração fosse um elo em uma corrente que se estende muito além do que conseguimos enxergar.
A genealogia, ciência que estuda as origens e a descendência das famílias, nos ajuda a mapear essas conexões. Ela nos permite compreender não apenas quem são nossos parentes, mas também como nos relacionamos com cada um deles.
É uma ferramenta poderosa para preservar nossa identidade e transmitir nossa história para as próximas gerações.
A sequência tradicional: do neto ao tataraneto

Antes de responder à pergunta principal, preciso explicar como chegamos até o tataraneto. A sequência familiar que todos conhecemos começa de forma simples:
- Neto: filho do filho
- Bisneto: filho do neto
- Trineto: filho do bisneto
- Tataraneto: filho do trineto
Essa progressão segue uma lógica matemática clara. Cada geração representa um grau de distância a mais na árvore genealógica. O neto está a duas gerações de distância do avô, o bisneto a três gerações, o trineto a quatro gerações, e o tataraneto a cinco gerações.
Depois de tataraneto vem o que: a resposta que você procura
Depois do tataraneto, vem o pentaneto, que representa a quinta geração de descendentes de uma mesma família.
No entanto, o termo “pentaneto” não é muito utilizado no Brasil e pode causar confusão. Algumas pessoas usam termos como pentaneto, hexaneto, heptaneto, octaneto, enaneto, decaneto, unodecaneto, duodecaneto, entre outros.
A verdade é que essa terminologia segue um padrão baseado em prefixos latinos e gregos. Vamos entender melhor:
A terminologia científica das gerações
Geração | Terminologia Popular | Terminologia Científica | Prefixo |
---|---|---|---|
1ª | Neto | Neto | – |
2ª | Bisneto | Bisneto | Bi- (dois) |
3ª | Trineto | Trineto | Tri- (três) |
4ª | Tataraneto | Tetraneto | Tetra- (quatro) |
5ª | – | Pentaneto | Penta- (cinco) |
6ª | – | Hexaneto | Hexa- (seis) |
7ª | – | Heptaneto | Hepta- (sete) |
8ª | – | Octaneto | Octa- (oito) |
Por que essa confusão existe?
A confusão acontece porque não há uma nomenclatura oficial para designar as gerações seguintes ao tataraneto no uso popular brasileiro.
Os maiores dicionários de língua portuguesa consultados não vão além de bisavô, trisavô e tetravô/tataravô.
Com o desenvolvimento dos estudos em genealogia, os teóricos passaram a nomear ancestrais mais afastados, o que levou a uma formação erudita de palavras, análoga à dos sólidos geométricos, cuja designação é obtida a partir de prefixos gregos ou latinos que remetem aos numerais cardinais.
A complexidade dos graus de parentesco
Quando falamos sobre família, não podemos esquecer que existem outros tipos de relações além da descendência direta. Os graus de parentesco formam uma rede complexa que inclui tios, primos, sobrinhos e outras conexões familiares.
Tabela de graus de parentesco
Grau | Relação | Exemplo |
---|---|---|
1º | Pais e filhos | Você e seu pai |
2º | Avós, netos, irmãos | Você e seu avô |
3º | Bisavós, bisnetos, tios, sobrinhos | Você e seu tio |
4º | Trisavós, trinetos, primos | Você e seu primo |
5º | Tetravós, tetranetos | Você e seu primo segundo |
Primos de graus distantes
Pentaneto da tia-pentavó ou do tio-pentavô seria um primo de sexto grau. O hexaneto é a sexta geração de descendência em uma família. Eles são os filhos dos pentanetos. Essas relações, embora tecnicamente corretas, raramente são usadas no dia a dia.
Aplicações práticas do conhecimento genealógico
No âmbito jurídico
No direito, o conhecimento dos graus de parentesco é fundamental para questões de herança, tutela e outras situações legais. O Código Civil brasileiro reconhece parentesco até o quarto grau, o que inclui primos e sobrinhos-netos.
Na medicina
A genealogia médica ajuda a identificar predisposições genéticas e padrões de doenças hereditárias. Conhecer a história de saúde da família pode salvar vidas, permitindo diagnósticos precoces e tratamentos preventivos.
Na pesquisa histórica
Historiadores e genealogistas usam essas terminologias para documentar linhagens familiares e estudar migrações populacionais. Cada família conta uma história única sobre os movimentos humanos ao longo dos séculos.
Ferramentas modernas para rastrear a genealogia
Tecnologia a serviço da família
Hoje, temos acesso a ferramentas digitais que nossos avós nem poderiam imaginar. Sites especializados em genealogia permitem criar árvores genealógicas interativas, conectar com parentes distantes e até mesmo fazer testes de DNA para traçar origens ancestrais.
Preservação digital
A digitalização de documentos familiares, fotografias e registros permite que as informações sejam preservadas para futuras gerações. É uma forma de garantir que a história da família não se perca com o tempo.
Gráfico: Distância geracional
Você (Geração 0)
↓
Filhos (Geração 1)
↓
Netos (Geração 2)
↓
Bisnetos (Geração 3)
↓
Trinetos (Geração 4)
↓
Tataranetos (Geração 5)
↓
Pentanetos (Geração 6)
↓
Hexanetos (Geração 7)
Curiosidades sobre nomenclatura familiar

Variações regionais
No Brasil, a ordem dos graus de parentesco mais comum é a seguinte: avô/avó, bisavô/bisavó, trisavô/trisavó, tataravô/tetravô e tataraneto/tetraneto.
No entanto, em algumas regiões do país, é comum usar outros termos, como “avoengo” para se referir ao bisavô.
Influências culturais
Diferentes culturas têm formas distintas de nomear e organizar as relações familiares. Algumas sociedades dão mais importância às linhagens maternas, enquanto outras priorizam as paternas. Essa diversidade cultural enriquece nossa compreensão sobre família.
A importância da preservação da memória familiar
“Uma família sem história é como uma árvore sem raízes” – Provérbio popular
Essa citação, atribuída ao antropólogo brasileiro Gilberto Freyre, resume perfeitamente a importância de conhecer nossa genealogia. Quando entendemos nossas origens, conseguimos nos situar melhor no mundo e transmitir valores e tradições para as próximas gerações.
Estratégias para preservar a história familiar
A preservação da memória familiar vai além de simplesmente conhecer os nomes dos parentes. Envolve coletar histórias, documentar tradições e criar registros que possam ser transmitidos. Aqui estão algumas estratégias eficazes:
- Entrevistas com familiares mais velhos
- Digitalização de fotografias e documentos
- Criação de árvores genealógicas digitais
- Registro de tradições familiares
- Coleta de objetos com valor sentimental
Desafios na pesquisa genealógica
Documentação limitada
Uma das principais dificuldades enfrentadas por quem pesquisa genealogia é a falta de documentação adequada. Muitas famílias, especialmente as mais antigas, não possuem registros completos de seus ancestrais.
Mudanças de nome
Ao longo das gerações, é comum que sobrenomes sejam alterados devido a casamentos, imigração ou outras circunstâncias. Isso pode dificultar o rastreamento de linhagens familiares.
Registros incompletos
Nem sempre os registros oficiais estão completos ou corretos. Erros de grafia, informações faltantes ou documentos perdidos podem complicar a pesquisa genealógica.
Benefícios psicológicos de conhecer a genealogia
Senso de identidade
Conhecer nossa história familiar fortalece nosso senso de identidade. Quando sabemos de onde viemos, compreendemos melhor quem somos e quais valores carregamos.
Conexão com o passado
A genealogia nos conecta com pessoas que viveram décadas ou séculos antes de nós. Essa conexão temporal nos ajuda a compreender nossa posição na história humana.
Legado para o futuro
Ao documentar nossa genealogia, criamos um legado para as futuras gerações. Nossos pentanetos, hexanetos e descendentes ainda mais distantes poderão conhecer sua história através do trabalho que fazemos hoje.
Tecnologia e DNA: o futuro da genealogia
Testes genéticos
Os testes de DNA revolucionaram a genealogia moderna. Eles podem revelar origens étnicas, conectar parentes distantes e até mesmo corrigir informações incorretas em árvores genealógicas tradicionais.
Bancos de dados globais
Grandes bancos de dados genealógicos permitem que pessoas de todo o mundo compartilhem informações sobre suas famílias. Isso facilita a descoberta de conexões familiares que seriam impossíveis de encontrar de outra forma.
Inteligência artificial
A inteligência artificial está sendo usada para analisar padrões em dados genealógicos, sugerir conexões familiares e até mesmo preencher lacunas em árvores genealógicas incompletas.
Aspectos éticos da pesquisa genealógica
Privacidade
Com o aumento da pesquisa genealógica digital, questões de privacidade se tornaram mais importantes. É crucial equilibrar o desejo de conhecer nossa história com o respeito pela privacidade de familiares vivos.
Consentimento
Antes de incluir informações sobre parentes vivos em pesquisas genealógicas públicas, é importante obter consentimento. Nem todos se sentem confortáveis em ter suas informações disponíveis online.
Verificação de informações
A responsabilidade de verificar informações genealógicas recai sobre o pesquisador. Informações incorretas podem se espalhar rapidamente em bancos de dados compartilhados.
Impacto social da genealogia
Reunificação familiar
A genealogia tem sido instrumental na reunificação de famílias separadas por guerra, migração ou outras circunstâncias. Muitas pessoas encontraram parentes perdidos através de pesquisas genealógicas.
Preservação cultural
Ao documentar histórias familiares, também preservamos aspectos da cultura e tradições que poderiam ser perdidos. Cada família carrega consigo um pedaço da história cultural de uma região ou país.
Educação histórica
A genealogia serve como uma ferramenta educacional poderosa, ajudando as pessoas a compreender a história através da perspectiva de suas próprias famílias.
Planejamento para o futuro genealógico
Documentação atual
É importante documentar nossa própria geração para facilitar a pesquisa genealógica futura. Isso inclui manter registros de nascimentos, casamentos, mudanças de residência e outras informações relevantes.
Preservação digital
A preservação digital de documentos familiares garante que as informações não sejam perdidas com o tempo. É recomendável criar múltiplas cópias de backup em diferentes locais.
Educação familiar
Ensinar membros mais jovens da família sobre genealogia garante que o conhecimento seja transmitido. Envolver crianças e adolescentes em projetos genealógicos pode despertar seu interesse pela história familiar.
Principais pontos abordados
• Depois de tataraneto vem o que: A resposta é pentaneto, seguindo a nomenclatura científica baseada em prefixos latinos
• A terminologia genealógica segue padrões matemáticos com prefixos que indicam numerais
• Existe confusão terminológica porque não há nomenclatura oficial popular para gerações além do tataraneto
• A genealogia é importante para preservar identidade familiar e história cultural
• Tecnologia moderna facilita pesquisas genealógicas através de bancos de dados digitais
• Graus de parentesco são fundamentais em questões jurídicas e médicas
• Preservação da memória familiar beneficia futuras gerações
• Pesquisa genealógica envolve aspectos éticos importantes como privacidade e consentimento
• Documentação adequada atual facilita pesquisas futuras
• Genealogia serve como ferramenta educacional e de conexão social
Perguntas frequentes
1. Qual é a terminologia correta: tataraneto ou tetraneto? Ambos estão corretos. Tataraneto é a forma popular, enquanto tetraneto é a terminologia científica mais precisa.
2. Pentaneto é um termo oficial? Não existe oficialidade popular, mas é aceito na terminologia científica genealógica seguindo padrões latinos.
3. Até que grau de parentesco o direito brasileiro reconhece? O Código Civil brasileiro reconhece parentesco até o quarto grau para questões legais.
4. Como posso começar minha pesquisa genealógica? Comece coletando informações com familiares mais velhos e documentos que possui em casa.
5. Testes de DNA são confiáveis para genealogia? Sim, mas devem ser usados como complemento à pesquisa documental, não como única fonte.
6. Posso usar informações de parentes vivos em pesquisas públicas? É recomendável obter consentimento antes de incluir informações de pessoas vivas em bancos públicos.
7. Qual a diferença entre genealogia e heráldica? Genealogia estuda linhagens familiares, enquanto heráldica estuda brasões e símbolos familiares.
8. Como preservar documentos antigos da família? Digitalize documentos, mantenha originais em local seco e organize cronologicamente as informações.
9. É possível rastrear ancestrais de séculos atrás? Sim, mas depende da disponibilidade de registros históricos e documentação da época.
10. Genealogia pode ajudar em questões médicas? Sim, histórico familiar é importante para identificar predisposições genéticas e padrões de doenças hereditárias.